Males que vêm para o bem
... o Bicho Levanta Pau
Clodoaldo
M. C.
V.
Brasilândia - São Paulo - SP
Nascimento:
1999
Acontecimento:
2024 fev
Há
males que vêm para o bem, costuma dizer o meu pai, sempre que algo ruim
acontece.
Eu
nunca tinha tirado uma lição desse saber, até descobrir que eu era um corno
chifrudo inocentão da silva.
Eu
gostava, amava, fazia de tudo para sempre ver a pessoa feliz, tinha planos para
o nosso futuro, estava juntando dinheiro para construir uma casinha para nós
dois, trabalhava muito pra isso...
... até descobrir que a filha da puta, lazarenta, desgraçada, fingia me amar muito nos finais de semana, e nas sextas-feiras escancarava a buceta para outro... o rabo eu já não sei.
E também não sei se era só nas sextas-feiras, se era só com um mesmo.
Sofri
muito, chorei, xinguei, bati a cabeça na parede, me chamei de burro, idiota,
tonto, palermo, e tudo o mais, mas
PÁGINA
VIRADA.
Na
verdade, estou em outras.
E
mais na verdade ainda, nem fui eu, exatamente, quem virou a página.
Só
que... ainda não sei direito, acho que entrei foi numa fria.
Vou
contar.
Enquanto
burro, idiota e chifrudão eu nem dava atenção às coisas que aconteciam ao meu
redor.
Uma
dessas coisas era uma menina loirinha, muito bonitinha e simpática, que sempre
aparecia na barraca de feira em que trabalho com o meu pai.
Era
sempre na feira de domingo, eu percebia, sim, a beleza angelical da menina, mas
a única coisa que de fato me chamava a atenção nela é que quase sempre ela
aparecia junto com duas outras meninas bastante diferentes dela.
Duas
meninas muito lindas também, mas bastante morenas, pele bem escura mesmo, corpo
miúdo, cabelos negros, longos e bastante negros.
-
Devem ser índias. – comentou o meu pai uma vez. – Devem ser da aldeia ali do
Jaraguá.
Eu
sabia que tinha uma aldeia indígena ali na região, mas só isso, e a minha única
pergunta era se a menina loirinha era índia também.
Com
certeza não.
E
não era, não é.
...
Foi essa menina quem começou a me virar a página.
Era
para ela ter virado bem antes, pois todo domingo ela comparecia, fazia suas
compras, me sorria, insinuava coisas com os seus olhares, mas eu era cego,
burro, corno, chifrudo...
Eu
não percebia.
E
se percebia, não dava valor; era fiel àquela puta que me traía.
...
No último domingo do mês de janeiro de 2024 (ano da virada, espero), acho que já meio cansado de só ficar pensando nos chifres que aquela desgraçada havia me colocado, dei conversa para a menina loirinha, vi o seu sorriso se abrindo lindamente, e vi ela sorrindo junto com as duas outras meninas... fofoquitas entre meninitas.
Na tarde daquele mesmo
domingo peguei emprestado a moto do meu amigo e fui conhecer a aldeia.
- Meu nome é Jaci, esta é a minha irmã de criação Maíra e essa é a minha outra irmã de criação, Jussara. Tenho outros irmãos de criação, não sei dos meus pais, fui criada pelos pais e avós delas... quer ir numa festa com a gente?
Claro
que não foi assim, ela não foi já falando tudo isso. Fomos trocando informações
enquanto passeávamos pela estradinha que leva até o Pico do Jaraguá.
Deixei
a moto na aldeia e subimos a pé pela estrada, subimos até o pico, avistei São
Paulo inteira e...
Já
era o finalzinho do dia, as duas meninas ficaram vigiando e
BEIJEI
A JACI
ABRACEI
A JACI
DEI UNS
PEGAS NA JACI
SENTI
SEUS PEITINHOS,
SUAS
COXAS, SUA BUNDINHA.
Que
maravilha maravilhosa sentir o corpo de uma outra menina, coisa que eu já não
sentia desde que firmei namoro com aquela vaca!
Pouco
depois, enquanto eu pegava a moto para voltar e devolver ao meu amigo, ela me
fez o convite.
-
Vem com a gente, vai ter uma festa, mas não é aqui, é lá... Virgem Arruelas!
Era...
quer dizer, foi, longe, muito longe.
Ela
me deu o endereço, na verdade um pequeno mapa que fui desenhando... vai até
aqui, vira ali, chega lá, sobe, desce, vira... chegou.
-
Te espero lá e te levo até o local.
Cheguei.
Era
o sábado de carnaval, eu tinha comprado a moto do meu amigo (com o dinheiro que
antes eu juntava para casar com aquela buceta arreganhada), ao invés de pedir
mais uma vez emprestada, e saí mundo afora, sem habilitação, sem nenhum juízo
na cabeça.
QUE BOM, ÀS VEZES,
NÃO TER JUÍZO NA CABEÇA
!!!
Ou não.
Chego
num lugar, pergunto, viro para outro lugar, chega não sei aonde, me mandam
retornar, pego outra estrada, paro num bar... bar, mercearia, churrasquinho de
gato na porta...
- Me dá
uma.
Nunca
fui de beber, tanto, mas depois dos chifres que descobri eu bem que havia
tomado uns porres fenomenais, para esquecer ou, simplesmente, para suportar
melhor aquele nó no peito que me doía muito, e constantemente.
- Me dá
mais uma.
Essa
segunda eu pedi porque tinha começado a perceber que eu estava num fim de
mundo... para mim era um fim de muito, logo mais ia escurecer, e eu já nem
sabia se ia conseguir encontrar o local indicado pela Jaci para o encontro e...
pior de tudo, já nem sabia se ia conseguir encontrar o caminho de volta para
casa.
E
se eu me perco? Como se já não estivesse perdido.
E
se a moto quebra?
E
se me roubam a moto?
E
se me dão um tiro?
- Me dá
outra.
-
Outra.
Acho
que era conhaque com groselha o que eu estava tomando, não sei direito.
~~~~~~~~~~~~
Depois
de ter tomado umas quatro ou cinco doses daquela mistura de não sei o quê com
não sei o quê, eu estava sem saber para onde ir, que rumo tomar, mas me sentia
maravilhoso.
Passo a noite por aqui,
durmo no mato,
está tudo lindo!
Estava
para pedir mais uma dose quando ouvi os caras lá do lado de fora falando de
mim.
-
Ele está ali dentro, tomando todas.
Olhei,
e vi a Jaci entrando, sorrindo.
-
Estou te esperando lá faz um tempão.
-
Não consegui achar o lugar, já rodei tudo por aqui, e ninguém sabe onde é esse
Ponto do Macaco.
-
Mas quem falou Ponto do Macaco? É onde a estrada cruza a linha do trem, não tem
nada de Ponto do Macaco.
-
Acho que me enganei.
-
Se enganou mesmo, mas ainda quer ir lá na festa ou não?
-
Quero. Claro que quero!
-
Acho que nem consegue pilotar a moto.
-
Sobe na garupa.
Ela
não subiu na garupa, e foi a melhor coisa que podia ter feito, pois eu mal
conseguia para em pé, não tinha a menor condição para pilotar.
Subiu
na frente, subi na garupa, deu a partida e saiu pilotando.
Dei
tchau para os meus companheiros de bebida.
-
Segura bem firme. – ela falou, assim que nos afastamos do bar.
Segurei
pela cintura.
- Mais
firme, me abraça.
- Me
aperta!
-
Segura aqui!
- Aqui!
O
primeiro aqui era nos seus
peitinhos, coisa delícia, peitinhos durinhos. Comecei por cima da camiseta, fui
enfiando a mão por baixo...
Coisa delícia, peitinhos
durinhos.
O
segundo aqui era nas suas coxas, na
sua... Que prexequinha mais prexequinha! Comecei por cima do vestido, depois
por baixo do vestido e por cima da calcinha. Depois por baixo da calcinha.
Que
prexequinha
mais
prexequinha!
Era
só nós dois.
O
asfalto esburacado passando por baixo, ela desviando dos buracos.
A
mata passando pelos dois lados, mata fechada, fim de mundo, só nós dois,
prexequinha úmida, quentinha, meu dedo fuçando.
Bons
e deliciosos minutos, até que...
- Para, menino! A gente
vai cair.
- Eu quero ela, eu quero.
Meu
pau latejava de tesão.
Mas
ela puxou fora a minha mão, porque estávamos agora numa derivação da estrada,
um caminho de terra e muito mais esburacado ainda, os galhos batendo nas nossas
cabeças.
- Encosta aí! Eu quero
comer ela.
- Lá você come.
IURRUUUUUUUU
!!!
Eu ia comer a menina!
Eu ia comer a Jaci!
Que
pensamento maldoso!
Que
pensamento delicioso!
Que...
Epa!
Ela
virou a moto para um caminho bem mais estreito ainda, uma trilha, matagal puro,
tudo escuro, só aquele farozinho da moto.
Uma
outra luz, que não era da moto, uma oca, um rancho, qualquer coisa parecida,
mas nada parecido com uma festa... só nós dois.
Seria
mesmo só nós dois.
Epa!
Epa! Epa!
Eu já via os bandidões
chegando.
Adeus moto!
Adeus mundo!
Mas já que vou morrer,
Pelo menos vou morrer
feliz.
Foi
o que pensei, já entrando com ela naquela construção bastante rudimentar, vendo
uma fogueirinha acesa.
Quem
tinha acendido?
E
foi pensando em pelo menos morrer feliz, que abracei a Jaci, abracei forte.
-
Você falou que eu ia comer.
-
E vai comer. Mas antes preciso te falar uma coisa.
Pronto... morri.
-
O que é?
-
Eu menti pra você, mentira inocente. Não sou Jaci, meu nome é Fabiana. As não
são minhas irmãs, não é verdade que fui criada pelos pais delas, somos apenas
grandes amigas, eu gosto muito delas, eu...
A
Jaci... quer dizer, a Fabiana, falava, enquanto me oferecia um prato de sopa
quente, que havia tirado de um caldeirão sobre a fogueira.
-
Mas não era isso o que eu queria comer.
-
Primeiro a sopa, pra ficar bem forte. Você vai precisar.
-
Precisar ficar forte... pra quê?
-
Vou te mostrar, senta aí... senta, come!
Sentei
no chão, pernas cruzadas, feito índio.
Sopa
de carne, legumes, e a Fabiana agora me dando na boca, linda, linda, linda,
sentada feito índia à minha frente...
COMPLETAMENTE
NUA.
Num
movimento bastante rápido, ela tinha tirado o vestido, depois tinha tirado a
calcinha, depois...
EU JÁ
ESTAVA
VENDO
COISAS.
Completamente nua a
Fabiana.
Completamente nua a
Jussara.
Completamente nua a Maíra.
Completamente nuas umas
seis ou sete meninas, todas muitos parecidas com as duas amigas da Fabiana e
que, de repente, povoaram aquela tapera.
Todas
nuas, todas, tomando sopa, todas sentadas ou em pé, todas com aqueles
peitinhos, todas com aquelas bundinhas, com aquelas prexequinhas.
Sopa
quente, tudo girando, maravilhosamente girando.
Umas
das meninas terminou a sopa primeiro, pegou um vidro que estava enfiado numa
das paredes de sapê, acho que era sapê, e do vidro começou a tirar uns
bichinhos parecidos com grilo.
Colocou
uns três ou quatro daqueles bichinhos numa cuia e os socou com um pedaço de pau
redondo.
-
Matou os bichinhos. – comentei.
-
Não vai querer engolir eles vivos... – falou a Fabiana.
-
Comer!? Mas...
Santo conhaque!
Acho
que era conhaque. Conhaque com groselha, não sei.
Mas
não fosse as caprichadas doses daquela mistura nunca que eu teria ingerido
aquele esmagado de bichinho que eu nem sabia o que era.
A
menina esmagadora, pegou numa colher, mandou eu abrir a boca...
Ô coisa
ardida, fedida!
Desceu
pela garganta revirando até o dedão do pé.
-
Toma sopa pra tirar o gosto. Engole mais um pouco.
Ô
desgraça!
É
veneno. Só pode ser veneno. É assim que elas vão me matar. Mas por que me
matar? Podiam ficar com a moto, sumir com a moto, me largar lá. Talvez, uns
quinze dias depois eu encontrasse o caminho de volta para a civilização.
-
Não precisavam me envenenar, não precisavam.
Eu
falava, mas elas não me ouviam, foram guardando os pratos, a cuia, o vidro com
os bichinhos que ainda estavam vivos, foram estendendo uma esteira.
Meu corpo foi esquentando,
foi me dando um calor
desgraçado,
meu pau, que já havia
esquecido de ficar duro, agora estava mais duro que pedra,
um verdadeiro aço.
MINHA
ÚTLIMA EREÇÃO.
A
EREÇÃO DA MORTE.
- Mas não vou comer pelo
menos uma antes de morrer?
COMI
TODAS
A
Jaci, agora Fabiana, deitou sobre uma pilha de esteiras que elas haviam
arrumado, e me chamou para cima.
-
Mas assim, na frente delas.
-
Na frente delas, na frente delas.
Foi
falando, pegando um pedaço de ferro redondo, apontando na prexequinha, e
pedindo para eu enfiar.
-
Põe! Enfia. Assim... gostoso... hummm!
O
pedaço de ferro redondo que ela pedia para eu enfiar era o meu pau.
Nunca
que eu tinha visto o bicho tão trincando daquele jeito.
Fui
fundo, voltei ao raso, fui mais fundo ainda, a Fabiana gemia, eu sentia que
logo ia encher sua prexequinha de porra, era o que ela queria.
- Vai! Goza! Goza gostoso
na Jaci, goza!
Jaci
ou Fabiana?
Que
importa?
Dei
uma retesada final, meu tesão subiu a mil graus, despejei.
Ela
sentiu meu pau despejando e despejou também.
Despejou mesmo... gozou
mijando,
mijou gozando.
Primeira
vez que eu via uma menina mijar enquanto gozava... urina quente, coisa
diferente... primeira vez.
E
última, pensei, logo depois, quando, após um breve descanso, ela me empurrou de
cima, o pau saiu.
- Agora a Maíra.
-
O que tem a Maíra, ela é quem vai me matar.
A
Maíra não mijou.
Gozou
malucadamente também, enquanto eu gozava mais uma vez, mas não mijou.
-
Agora a Juna. Devagar que é a primeira vez dela.
-
Agora a Jaciara.
-
Agora a Kerê... primeira vez também.
-
Agora a Jussara.
-
A...
Impossível
guardar todos os nomes.
Impossível
também guardar todas as prexequinhas... diferenciar uma das outras, todas tão
iguais.
Só
a da Fabiana era diferente, branquinha, e mijava quando gozava... quer dizer,
mijou na primeira vez, pois na segunda vez, depois que passei por todas as
meninas, ela quis mais, gozou mais, gozou bem malucadamente também, mas não
mijou.
-
É que na primeira vez que estava com muita vontade, fazia tempo que eu estava
com muita vontade, muito tempo mesmo.
-
Isso explica. Mas e eu... o que explica esse pau que já comeu todas vocês duas
vezes e continua tão duro como antes?
-
Vai comer terceira vez. – falou uma das meninas, cujo nome eu não guardara, mas
que havia sido mais umas das que eram virgens.
-
Terceira! Mas por que ele continua duro? Por que não amolece?
-
Vai demorar par amolecer. – falou a Kerê... você comeu Bicho Levanta Pau.
-
Bicho Levanta Pau!?
-
É. Faz pau levantar, ficar forte... dura umas três, quatro horas.
-
É... E até lá, vai ter de ficar comendo a gente, se não comer, dói.
-
Já está mesmo começando a doer.
-
Agora sou eu.
-
Depois eu.
-
Eu.
O
Sol já estava alto quando acordei no dia seguinte, comigo só estava a Fabiana.
-
Dormiu bem?
-
Maravilha! Só o meu pau... tá doendo demais.
-
Vai mijar que passa a dor. Mas fala, você gostou da noite?
-
Que pergunta! Depois daquela festa toda. Aquelas meninas!
-
Nove.
-
Nove!?
-
Dez, contando comigo, mas como eu uso a pílula, você engravidou só as nove.
-
Engravidei! Que conversa é essa?
-
Me dá uma carona de volta para a cidade?
-
Claro! Mesmo porque nem sei como sair daqui. Mas me fala, me explica essa coisa
de gravidez. Que loucura é essa?
-
Loucura que ninguém usou camisinha, e nem era para usar. Era pra engravidar
mesmo.
-
Engravidar! Mas...
-
Por isso te deram o Bicho Levanta Pau... você vai ser papai, nove vezes
-
Eu... papai.... nove vezes?
-
Você pilota ou eu piloto?
-
Tanto faz. Mas me fala... você me deu foi alguma droga, não foi? Tudo isso,
aquelas meninas todas... foi tudo alucinação minha, não foi?
-
Como é que pode ser alucinação sua, se estou sabendo de tudo?
-
Não sei... vai ver que te contei.
-
Contou quando, se acabou de acordar? Vamos! Eu piloto até chegar no asfalto.
...
Deixei
a Jaci, ou Fabiana, num lugar próximo à pequena aldeia do Jaraguá, e nunca mais
a vi, não apareceu mais na feira.
Já
se vão alguns meses e, na verdade, acho que nem quero ver ela novamente... quer
dizer, ela eu até que gostaria de ver, mas quando penso em nove indiazinhas
barrigudinhas...
Pelo menos esqueci aquela
vaca,
acho que esqueci.
Tenho preocupações maiores.
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