quarta-feira, 8 de maio de 2024

Males que vêm para o bem ... o Bicho Levanta Pau

 

Males que vêm para o bem

... o Bicho Levanta Pau

 

Clodoaldo M. C.

V. Brasilândia - São Paulo - SP

Nascimento: 1999

Acontecimento: 2024 fev

 

 

Há males que vêm para o bem, costuma dizer o meu pai, sempre que algo ruim acontece.

Eu nunca tinha tirado uma lição desse saber, até descobrir que eu era um corno chifrudo inocentão da silva.

Eu gostava, amava, fazia de tudo para sempre ver a pessoa feliz, tinha planos para o nosso futuro, estava juntando dinheiro para construir uma casinha para nós dois, trabalhava muito pra isso...

... até descobrir que a filha da puta, lazarenta, desgraçada, fingia me amar muito nos finais de semana, e nas sextas-feiras escancarava a buceta para outro... o rabo eu já não sei.

E também não sei se era só nas sextas-feiras, se era só com um mesmo.

Sofri muito, chorei, xinguei, bati a cabeça na parede, me chamei de burro, idiota, tonto, palermo, e tudo o mais, mas

PÁGINA VIRADA.

 Quer dizer, ainda não virei por completo, ainda penso na maldita, ainda me xingo e me odeio, mas, pelo menos, estou em outra.

Na verdade, estou em outras.

E mais na verdade ainda, nem fui eu, exatamente, quem virou a página.

Só que... ainda não sei direito, acho que entrei foi numa fria.

Vou contar.

Enquanto burro, idiota e chifrudão eu nem dava atenção às coisas que aconteciam ao meu redor.

Uma dessas coisas era uma menina loirinha, muito bonitinha e simpática, que sempre aparecia na barraca de feira em que trabalho com o meu pai.

Era sempre na feira de domingo, eu percebia, sim, a beleza angelical da menina, mas a única coisa que de fato me chamava a atenção nela é que quase sempre ela aparecia junto com duas outras meninas bastante diferentes dela.

Duas meninas muito lindas também, mas bastante morenas, pele bem escura mesmo, corpo miúdo, cabelos negros, longos e bastante negros.

- Devem ser índias. – comentou o meu pai uma vez. – Devem ser da aldeia ali do Jaraguá.

Eu sabia que tinha uma aldeia indígena ali na região, mas só isso, e a minha única pergunta era se a menina loirinha era índia também.

Com certeza não.

E não era, não é.

...

Foi essa menina quem começou a me virar a página.

Era para ela ter virado bem antes, pois todo domingo ela comparecia, fazia suas compras, me sorria, insinuava coisas com os seus olhares, mas eu era cego, burro, corno, chifrudo...

Eu não percebia.

E se percebia, não dava valor; era fiel àquela puta que me traía.

...

No último domingo do mês de janeiro de 2024 (ano da virada, espero), acho que já meio cansado de só ficar pensando nos chifres que aquela desgraçada havia me colocado, dei conversa para a menina loirinha, vi o seu sorriso se abrindo lindamente, e vi ela sorrindo junto com as duas outras meninas... fofoquitas entre meninitas.

Na tarde daquele mesmo domingo peguei emprestado a moto do meu amigo e fui conhecer a aldeia.

- Meu nome é Jaci, esta é a minha irmã de criação Maíra e essa é a minha outra irmã de criação, Jussara. Tenho outros irmãos de criação, não sei dos meus pais, fui criada pelos pais e avós delas... quer ir numa festa com a gente?

Claro que não foi assim, ela não foi já falando tudo isso. Fomos trocando informações enquanto passeávamos pela estradinha que leva até o Pico do Jaraguá.

Deixei a moto na aldeia e subimos a pé pela estrada, subimos até o pico, avistei São Paulo inteira e...

Já era o finalzinho do dia, as duas meninas ficaram vigiando e

BEIJEI A JACI

ABRACEI A JACI

DEI UNS PEGAS NA JACI

SENTI SEUS PEITINHOS,

SUAS COXAS, SUA BUNDINHA.


Que maravilha maravilhosa sentir o corpo de uma outra menina, coisa que eu já não sentia desde que firmei namoro com aquela vaca!

Pouco depois, enquanto eu pegava a moto para voltar e devolver ao meu amigo, ela me fez o convite.

- Vem com a gente, vai ter uma festa, mas não é aqui, é lá... Virgem Arruelas!

Era... quer dizer, foi, longe, muito longe.

Ela me deu o endereço, na verdade um pequeno mapa que fui desenhando... vai até aqui, vira ali, chega lá, sobe, desce, vira... chegou.

- Te espero lá e te levo até o local.

Cheguei.

Era o sábado de carnaval, eu tinha comprado a moto do meu amigo (com o dinheiro que antes eu juntava para casar com aquela buceta arreganhada), ao invés de pedir mais uma vez emprestada, e saí mundo afora, sem habilitação, sem nenhum juízo na cabeça.

 

QUE BOM, ÀS VEZES,

NÃO TER JUÍZO NA CABEÇA

!!!

Ou não.

 

Chego num lugar, pergunto, viro para outro lugar, chega não sei aonde, me mandam retornar, pego outra estrada, paro num bar... bar, mercearia, churrasquinho de gato na porta...

- Me dá uma.

Nunca fui de beber, tanto, mas depois dos chifres que descobri eu bem que havia tomado uns porres fenomenais, para esquecer ou, simplesmente, para suportar melhor aquele nó no peito que me doía muito, e constantemente.

- Me dá mais uma.

Essa segunda eu pedi porque tinha começado a perceber que eu estava num fim de mundo... para mim era um fim de muito, logo mais ia escurecer, e eu já nem sabia se ia conseguir encontrar o local indicado pela Jaci para o encontro e... pior de tudo, já nem sabia se ia conseguir encontrar o caminho de volta para casa.

E se eu me perco? Como se já não estivesse perdido.

E se a moto quebra?

E se me roubam a moto?

E se me dão um tiro?

- Me dá outra.

- Outra.

Acho que era conhaque com groselha o que eu estava tomando, não sei direito.

 

~~~~~~~~~~~~

Depois de ter tomado umas quatro ou cinco doses daquela mistura de não sei o quê com não sei o quê, eu estava sem saber para onde ir, que rumo tomar, mas me sentia maravilhoso.

Passo a noite por aqui,

durmo no mato,

está tudo lindo!

 

Estava para pedir mais uma dose quando ouvi os caras lá do lado de fora falando de mim.

- Ele está ali dentro, tomando todas.

Olhei, e vi a Jaci entrando, sorrindo.

- Estou te esperando lá faz um tempão.

- Não consegui achar o lugar, já rodei tudo por aqui, e ninguém sabe onde é esse Ponto do Macaco.

- Mas quem falou Ponto do Macaco? É onde a estrada cruza a linha do trem, não tem nada de Ponto do Macaco.

- Acho que me enganei.

- Se enganou mesmo, mas ainda quer ir lá na festa ou não?

- Quero. Claro que quero!

- Acho que nem consegue pilotar a moto.

- Sobe na garupa.

Ela não subiu na garupa, e foi a melhor coisa que podia ter feito, pois eu mal conseguia para em pé, não tinha a menor condição para pilotar.

Subiu na frente, subi na garupa, deu a partida e saiu pilotando.

Dei tchau para os meus companheiros de bebida.

- Segura bem firme. – ela falou, assim que nos afastamos do bar.

Segurei pela cintura.

- Mais firme, me abraça.

- Me aperta!

- Segura aqui!

- Aqui!

O primeiro aqui era nos seus peitinhos, coisa delícia, peitinhos durinhos. Comecei por cima da camiseta, fui enfiando a mão por baixo...

Coisa delícia, peitinhos durinhos.

O segundo aqui era nas suas coxas, na sua... Que prexequinha mais prexequinha! Comecei por cima do vestido, depois por baixo do vestido e por cima da calcinha. Depois por baixo da calcinha.

 

Que prexequinha

mais prexequinha!

 

Era só nós dois.

O asfalto esburacado passando por baixo, ela desviando dos buracos.

A mata passando pelos dois lados, mata fechada, fim de mundo, só nós dois, prexequinha úmida, quentinha, meu dedo fuçando.

Bons e deliciosos minutos, até que...

- Para, menino! A gente vai cair.

- Eu quero ela, eu quero.

Meu pau latejava de tesão.

Mas ela puxou fora a minha mão, porque estávamos agora numa derivação da estrada, um caminho de terra e muito mais esburacado ainda, os galhos batendo nas nossas cabeças.

- Encosta aí! Eu quero comer ela.

- Lá você come.

 

IURRUUUUUUUU !!!

 

Eu ia comer a menina!

Eu ia comer a Jaci!

 

Que pensamento maldoso!

Que pensamento delicioso!

Que...

Epa!

Ela virou a moto para um caminho bem mais estreito ainda, uma trilha, matagal puro, tudo escuro, só aquele farozinho da moto.

Uma outra luz, que não era da moto, uma oca, um rancho, qualquer coisa parecida, mas nada parecido com uma festa... só nós dois.

Seria mesmo só nós dois.

 

Epa! Epa! Epa!

 

 

Eu já via os bandidões chegando.

Adeus moto!

Adeus mundo!

Mas já que vou morrer,

Pelo menos vou morrer feliz.

 

Foi o que pensei, já entrando com ela naquela construção bastante rudimentar, vendo uma fogueirinha acesa.

Quem tinha acendido?

E foi pensando em pelo menos morrer feliz, que abracei a Jaci, abracei forte.

- Você falou que eu ia comer.

- E vai comer. Mas antes preciso te falar uma coisa.

Pronto... morri.

- O que é?

- Eu menti pra você, mentira inocente. Não sou Jaci, meu nome é Fabiana. As não são minhas irmãs, não é verdade que fui criada pelos pais delas, somos apenas grandes amigas, eu gosto muito delas, eu...

A Jaci... quer dizer, a Fabiana, falava, enquanto me oferecia um prato de sopa quente, que havia tirado de um caldeirão sobre a fogueira.

- Mas não era isso o que eu queria comer.

- Primeiro a sopa, pra ficar bem forte. Você vai precisar.

- Precisar ficar forte... pra quê?

- Vou te mostrar, senta aí... senta, come!

Sentei no chão, pernas cruzadas, feito índio.

Sopa de carne, legumes, e a Fabiana agora me dando na boca, linda, linda, linda, sentada feito índia à minha frente...

 

COMPLETAMENTE NUA.

 

Num movimento bastante rápido, ela tinha tirado o vestido, depois tinha tirado a calcinha, depois...

 

EU JÁ ESTAVA

VENDO COISAS.

 

Completamente nua a Fabiana.

Completamente nua a Jussara.

Completamente nua a Maíra.

Completamente nuas umas seis ou sete meninas, todas muitos parecidas com as duas amigas da Fabiana e que, de repente, povoaram aquela tapera.

 

Todas nuas, todas, tomando sopa, todas sentadas ou em pé, todas com aqueles peitinhos, todas com aquelas bundinhas, com aquelas prexequinhas.

Sopa quente, tudo girando, maravilhosamente girando.

Umas das meninas terminou a sopa primeiro, pegou um vidro que estava enfiado numa das paredes de sapê, acho que era sapê, e do vidro começou a tirar uns bichinhos parecidos com grilo.

Colocou uns três ou quatro daqueles bichinhos numa cuia e os socou com um pedaço de pau redondo.

- Matou os bichinhos. – comentei.

- Não vai querer engolir eles vivos... – falou a Fabiana.

- Comer!? Mas...

Santo conhaque!

Acho que era conhaque. Conhaque com groselha, não sei.

Mas não fosse as caprichadas doses daquela mistura nunca que eu teria ingerido aquele esmagado de bichinho que eu nem sabia o que era.

A menina esmagadora, pegou numa colher, mandou eu abrir a boca...

 

Ô coisa ardida, fedida!

 

Desceu pela garganta revirando até o dedão do pé.

- Toma sopa pra tirar o gosto. Engole mais um pouco.

 

Ô desgraça!

É veneno. Só pode ser veneno. É assim que elas vão me matar. Mas por que me matar? Podiam ficar com a moto, sumir com a moto, me largar lá. Talvez, uns quinze dias depois eu encontrasse o caminho de volta para a civilização.

- Não precisavam me envenenar, não precisavam.

Eu falava, mas elas não me ouviam, foram guardando os pratos, a cuia, o vidro com os bichinhos que ainda estavam vivos, foram estendendo uma esteira.

Meu corpo foi esquentando,

foi me dando um calor desgraçado,

meu pau, que já havia esquecido de ficar duro, agora estava mais duro que pedra,

um verdadeiro aço.

MINHA ÚTLIMA EREÇÃO.

A EREÇÃO DA MORTE.

 

- Mas não vou comer pelo menos uma antes de morrer?

 

COMI TODAS

 

A Jaci, agora Fabiana, deitou sobre uma pilha de esteiras que elas haviam arrumado, e me chamou para cima.

- Mas assim, na frente delas.

- Na frente delas, na frente delas.

Foi falando, pegando um pedaço de ferro redondo, apontando na prexequinha, e pedindo para eu enfiar.

- Põe! Enfia. Assim... gostoso... hummm!

O pedaço de ferro redondo que ela pedia para eu enfiar era o meu pau.

Nunca que eu tinha visto o bicho tão trincando daquele jeito.

Fui fundo, voltei ao raso, fui mais fundo ainda, a Fabiana gemia, eu sentia que logo ia encher sua prexequinha de porra, era o que ela queria.

 

- Vai! Goza! Goza gostoso na Jaci, goza!

 

Jaci ou Fabiana?

Que importa?

Dei uma retesada final, meu tesão subiu a mil graus, despejei.

Ela sentiu meu pau despejando e despejou também.

Despejou mesmo... gozou mijando,

mijou gozando.

 

Primeira vez que eu via uma menina mijar enquanto gozava... urina quente, coisa diferente... primeira vez.

E última, pensei, logo depois, quando, após um breve descanso, ela me empurrou de cima, o pau saiu.

- Agora a Maíra.

- O que tem a Maíra, ela é quem vai me matar.

A Maíra não mijou.

Gozou malucadamente também, enquanto eu gozava mais uma vez, mas não mijou.

- Agora a Juna. Devagar que é a primeira vez dela.

- Agora a Jaciara.

- Agora a Kerê... primeira vez também.

- Agora a Jussara.

- A...

Impossível guardar todos os nomes.

Impossível também guardar todas as prexequinhas... diferenciar uma das outras, todas tão iguais.

Só a da Fabiana era diferente, branquinha, e mijava quando gozava... quer dizer, mijou na primeira vez, pois na segunda vez, depois que passei por todas as meninas, ela quis mais, gozou mais, gozou bem malucadamente também, mas não mijou.

- É que na primeira vez que estava com muita vontade, fazia tempo que eu estava com muita vontade, muito tempo mesmo.

- Isso explica. Mas e eu... o que explica esse pau que já comeu todas vocês duas vezes e continua tão duro como antes?

- Vai comer terceira vez. – falou uma das meninas, cujo nome eu não guardara, mas que havia sido mais umas das que eram virgens.

- Terceira! Mas por que ele continua duro? Por que não amolece?

- Vai demorar par amolecer. – falou a Kerê... você comeu Bicho Levanta Pau.

- Bicho Levanta Pau!?

- É. Faz pau levantar, ficar forte... dura umas três, quatro horas.

- É... E até lá, vai ter de ficar comendo a gente, se não comer, dói.

- Já está mesmo começando a doer.

- Agora sou eu.

- Depois eu.

- Eu.

 

 

O Sol já estava alto quando acordei no dia seguinte, comigo só estava a Fabiana.

- Dormiu bem?

- Maravilha! Só o meu pau... tá doendo demais.

- Vai mijar que passa a dor. Mas fala, você gostou da noite?

- Que pergunta! Depois daquela festa toda. Aquelas meninas!

- Nove.

- Nove!?

- Dez, contando comigo, mas como eu uso a pílula, você engravidou só as nove.

- Engravidei! Que conversa é essa?

- Me dá uma carona de volta para a cidade?

- Claro! Mesmo porque nem sei como sair daqui. Mas me fala, me explica essa coisa de gravidez. Que loucura é essa?

- Loucura que ninguém usou camisinha, e nem era para usar. Era pra engravidar mesmo.

- Engravidar! Mas...

- Por isso te deram o Bicho Levanta Pau... você vai ser papai, nove vezes

- Eu... papai.... nove vezes?

- Você pilota ou eu piloto?

- Tanto faz. Mas me fala... você me deu foi alguma droga, não foi? Tudo isso, aquelas meninas todas... foi tudo alucinação minha, não foi?

- Como é que pode ser alucinação sua, se estou sabendo de tudo?

- Não sei... vai ver que te contei.

- Contou quando, se acabou de acordar? Vamos! Eu piloto até chegar no asfalto.

 

...

 

Deixei a Jaci, ou Fabiana, num lugar próximo à pequena aldeia do Jaraguá, e nunca mais a vi, não apareceu mais na feira.

Já se vão alguns meses e, na verdade, acho que nem quero ver ela novamente... quer dizer, ela eu até que gostaria de ver, mas quando penso em nove indiazinhas barrigudinhas...

 

Pelo menos esqueci aquela vaca,

acho que esqueci.

Tenho preocupações maiores.

 

 

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